sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Momentos de Reflexão... (VII) PORTUGAL: UM EDIFÍCIO A DESMORONAR-SE LENTAMENTE...

PORTUGAL: UM EDIFÍCIO A DESMORONAR-SE LENTAMENTE...



Paulo M. A. Martins ( * )
Jornalista
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paulo.m.a.martins@gmail.com


( Em Portugal )


Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho 


Ao longo dos últimos dias, sobretudo, após a entrada em funções do actual Governo da Nação, os Portugueses têm vindo a ser "bombardeados" com as notícias mais contundentes sobre a actual situação política, económica e social: um verdadeiro caos!

Todavia, importa, desde já, deixar claro que, pretender-se, agora, apontar o dedo, acusando o actual Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, pela situação em que Portugal se encontra, afigura-se de uma injustiça colossal...

Tanto mais, porque o actual Governo, praticamente, nem chegou a beneficiar do chamado "período de graça", primeiros 90 dias de governação, dados os múltiplos problemas que, desde logo, se abateram sobre ele.

Sejamos claros, transparentes e, sobretudo, honestos!
 
Estamos, isso sim, a sofrer as consequências de anteriores (des)governos. Todavia, pelo que nos é dado observar, ninguém, mas ninguém, até hoje, a começar pelo Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco Silva, se dignou chamar à responsabilidade os anteriores responsáveis pela grave crise instalada em Portugal e agravada pela actual conjuntura europeia e internacional.


 José Sócrates, ex-Primeiro-Ministro

Depois das loucuras governativas e das denúncias que correram nos Órgãos de Comunicação Social sobre o comportamento do anterior Primeiro-Ministro, José Sócrates, derrotado nas últimas Eleições Legislativas, e o seu (des)Governo, que medidas foram adoptadas para o esclarecimento total da verdade?

Inclusive, nem uma resposta concreta e definitiva sobre a sua (hipotética) licenciatura em "Engenharia", largamente desmentida publicamente por alguns entendidos na matéria...

Depois, são as denúncias que lhe são atribuídas sobre supostos envolvimentos em "negócios" de corrupção, ainda anteriores à sua entrada em funções como Primeiro-Ministro... Enfim, um imenso rosário, infindável, de situações, que se estenderam ao longo dos últimos seis anos... E, para cúmulo, o (des)governo que conduziu Portugal à actual situação de grave crise...

Será que ninguém, num País, de dez milhões de habitantes, se apercebeu do que se passava e passou. Estava tudo a dormir ou embriagado?


Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro

Por onde anda ou andou o Dr. Fernando José Pinto Monteiro, jurista e magistrado, 10º. Procurador-Geral da República Portuguesa, desde 9 de Outubro de 2006, a quem já apelidaram, chamaram de "encobridor-mór", agora, remetido a um silêncio sepulcral?...

Para quê?

Estará a criar condições objectivas para reconduzido nas suas actuais funções?...

O Povo quer saber!

Não o povo que faz parte integrante desse imenso "banquete", de onde nem uma migalha de pão cai da mesa para o chão, que dura há anos consecutivos e se alastra até à Assembleia da República, passando por outros Órgãos de Soberania e não só...


Pedro Santana Lopes

2. Assim como, o Povo quer saber!, como é possível o cidadão Pedro Santana Lopes ser sondado para o cargo de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, propondo-se desempenhar o cargo sem qualquer remuneração, alegando que já recebe aposentações do Estado?

Mas, sobre as mordomias inerentes ao cargo, tais como viatura e motorista às ordens, assim como de utilização de cartão de crédito e não só, nem se referiu!

Hoje, a Comunicação Social, dá-nos conta de que o Governo (o actual) não gostou de ver essas notícias espalhadas, por se ter tratado, apenas, de uma sondagem...

Será?...

Perdoem-me, não haverá por aí demasiada hipocrisia?...

Quem sondou quem?

Como e por quem, as notícias foram vertidas para a opinião pública?

Só o facto de ver confirmado que houve uma sondagem prévia, já é o suficiente para se aquilatar da capacidade moral e intelectual de quem teve essa ideia "luminosa" e se lembrou de dar esse passo!

Falamos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, num País onde já se sente a fome em muitos lares e o recurso de muitos pobres e desprotegidos ao Banco Alimentar, às instituições de benemerência e, sobretudo, à esmola à porta das igrejas e pelas ruas se fazem sentir...

Será que ninguém, por insensível e distante das duras realidades que se vivem em Portugal, se apercebe destas tristes e miseráveis situações de carências?

Afinal, que Portugal, que Portugueses, são estes, os do século XXI?

Os das transferências multimilionárias os para "offshores" e paraísos fiscais?...

Por isso e não só, o POVO quer saber!


Edifício-sede da CGD - Caixa Geral de Depósitos (Lisboa)


3. Assim como, o POVO, também, quer saber sobre a alienação de bens patrimoniais imobiliários e não só, que algumas Empresas do Estado têm feito, e, como hoje, nos foi noticiado, a própria Caixa Geral de Depósitos, depois de ter "enterrado" milhões e milhões de € euros na sua nova sede (matriz), está a preparar-se para fazer a alienação de considerável parte dos bens imóveis...

Que gestores são estes que administram as Instituições como se de uma "mercearia de bairro de lata" (favela) se tratasse...

Onde reside o conceito de responsabilidade civil e criminal?...

Quem averigua tudo isso?

POR ISSO E NÃO SÓ, O POVO QUER SABER!

4. O Tribunal de Contas determinou que as contas e respectivos resultados dos Hospitais, assim com os gastos com a Saúde fossem divulgados publicamente!

Porquê, só agora?

Mas, até hoje, ninguém divulga, publicamente, os montantes dos depósitos obrigatórios do Sistema Bancário, relativos a cada Banco, no Banco de Portugal!


Sede do Banco de Portugal (Lisboa)

Estão a ser cumpridas as quotas obrigatórias?

No passado, mensalmente, o Banco de Portugal determinava o 'plafond' limite do crédito a conceder por cada Banco.

Hoje, como se está a processar?

A transparência é real e efectiva?

Bandeira nacional de Portugal

5. O POVO, MAIS DO QUE NUNCA, EXIGE, QUER SABER!

Senhor Primeiro-Ministro,
Dr. Pedro Passos Coelho,

Não por sua culpa, directa e objectiva, mas por força da herança que lhe foi transmitida, concluamos e concordemos que Portugal é, hoje, um edifício que se está a desmoronar lentamente!...

Concordemos, também, que são muitos os "parasitas" que gravitam à sua volta e pretendem integrar o seu Governo, ao nível das Instituições, assim como, são muitos os instalados, comodamente, que não deixarão de "boicotar" todo o trabalho, na perspectiva do "Cada vez pior, melhor!"

Os eternos sanguessugas que minam a Liberdade e a Democracia deste Portugal à beira-mar plantado!

Bom seria, para bem de Portugal e dos Portugueses, que se mantivesse atento e, sobretudo, rodeado de profissionais, de pessoas competentes, sérias, honestas e transparentes de intenções!

O tempo que passa não está propício, não é propício, para se continuar a ouvir do canto das sereias e das cigarras!

É, isso sim, tempo de tocar a reunir e a unir "formiguinhas"!


Lisboa (Portugal), 19.08.2011

Paulo M. A. Martins
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(*) Jornalista Luso-brasileiro, radicado em Fortaleza, Estado do Ceará, Brasil

4 comentários:

  1. Meu ilustre amigo:

    Eu não diria que Portugal é um edifício a desmoronar-se lentamente, como sugere no título, mas sim a acordar de um pesadelo, que durou cerca de 16 anos, isto é, creio que é preciso recuar até aos governos presididos por António Guterres.

    Durante esse período, o país gastou à "tripa forra", endividou-se mais do que podia, designadamente nas PPP's respeitantes a muitas e desnecessárias auto-estradas, que agora estão "às moscas", mas que nos endividam até pelo menos 2040.

    Mas mais, o "zé povinho" foi incentivado a endividar-se, desde logo a comprar tudo a crédito: casa, carro, eletrodomésticos, férias, etc, etc, e como a produção sustentada não acompanhou esse endividamento, e a crise aumentou o desemprego, agora o pessoal está a entregar as casa aos bancos...

    Isto tudo, mais a mania das "grandezas" do anterior governo, criando Fundações, Institutos e Comissões, para colocar os seus "boys", duplicando ou triplicando estruturas desnecessárias, somado à crise mundial, deu na quase bancarrota a que Sócrates conduziu o país.

    O atual Governo ainda nem chegou aos 90 dias e como alguém disse nem teve tempo para se sentar, com contas por pagar, despesas escondidas por pagar e ainda nem teve tempo para se aperceber de todos os "buracos" que tem de tapar. Para já "emagreceu" o pessoal dos gabinetes, reduziu a escandalosa frota dos gabinetes, impôs que os popós seriam os indispensáveis, e sem poderem ser usados particularmente, acabou com os telemóveis particulares, acabou com os governadores civis e os diretores-adjuntos distritais na Segurança social, fundiu 4 institutos e prepara-se para acabar com os muitos institutos e fundações... Nada mau para começar.

    Os sacrifícios que já anunciou são duros, mas não tenho grandes dúvidas que se não fossem estes seriam outros equivalentes e necessários para cumprir o compromisso do défice não ultrapassar este ano os 5,9% do PIB. E que ninguém duvide que se tal for incumprido, a 'troica' não nos emprestará mais dinheiro. Para já garantiu a 2ª tranche desse empréstimo.

    Portanto, como disse o saudoso Ernâni Lopes, agora só nos resta "trabalhar, trabalhar e estudar, estudar...". Ninguém mandou os portugueses viver acima das suas possibilidades e acreditar num vendedor de "banha-da-cobra" chamado Sócrates.

    Um grande abraço.

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  2. Parabéns, Paulo Martins.
    Independência e lucidez de espírito mostrada neste artigo seria o primeiro passo a dar para impedir o desmoronamento da casa lusitana, num momento em que o parasitismo sanguessuga e a desvergonha é palavra de ordem dos que podem!
    A voz no deserto de pessoas, como a do jornalista Paulo Martins, testemunham ainda restos duma cultura que foi grande.
    Um abraço justo
    António Justo

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  3. Meu Ilustre Amigo,

    Antes de mais, o meu Bem Haja! pelo seu lúcido comentário.

    Apesar de não fazer comentários a comentários, afigura-se-me de sublinhar algo mais.

    Contrariamente, ao que afirma, em minha opinião, Portugal não está a acordar de um pesadelo que durou 16 anos, recuando aos tempos do Primeiro-Ministro António Guterres...

    Alguns dos problemas que, hoje, atormentam Portugal, vêm um pouco mais de trás!

    Porque não se questionam se as políticas e o desenvolvimento introduzidos pelo Professor Aníbal Cavaco Silva, enquanto Primeiro-Ministro. Foram, de facto, os mais correctos e adequados ao então estado de Portugal?

    No meu entendimento, salvo melhor opinião, Cavaco Silva, foi, de facto, quem mais subsídios obteve da União Europeia, mas importa sublinhar que, a cada investimento realizado, correspondia, correspondeu, sempre uma quota-parte de participação portuguesa, financiada pelo Orçamento de Estado.

    Ninguém fala ou questiona esse momento, mas, hoje, seria interessante, fazer-se um levantamento, para se determinar quem foi, de facto, que contribuiu mais para o endividamento de Portugal!

    Estabelecer-se, à priori, uma fronteira rígida, não me parece revelar honestidade e seriedade.

    Até parece que não foi assim tão difícil "integrar o pelotão da frente", como então se propalava aos quatro ventos... Tudo foi fácil e facilitado!

    Hoje, olhando para trás e para a derrapagem sistemática das Contas Públicas Portuguesas, fico surpreendido e apreensivo como foi possível chegar-se a este estado de situação. Inclusivamente, a utilização das verbas comunitárias, sobretudo, por quem sempre se mostrou céptico com a nossa integração na então CEE, actual União Europeia...

    Foram tempos de excessiva euforia... Agora, aí está o resultado, agravado, ainda, pela grave crise europeia e internacional.

    Que Planeamento foi feito? Em que termos?

    Grato pela sua participação, queira aceitar as minhas melhores saudações!

    Paulo M. A. Martins

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  4. Bem madura a sua última cronica.

    Realmente é um reflexo do Portugal de hoje.

    Portugal passa por um pesadelo e você - meu amigo Paulo - soube transmitir bem o sentir lusitano, num festival de realismo, trazendo verdades, apontando firme alguns dos culpados pela situação.

    Jamais se cale Paulo Martins.

    Abraços.

    GRACIANO COUTINHO

    Programa "Portugal Sem Passaporte"
    Fortaleza - Brasil

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Caríssimas(os),
Minhas (Meus) Boas (Bons) Amigas(os),

Antes de mais, queiram aceitar as minhas afectuosas saudações.

Uma nova postagem está à vossa disposição em e, como tal,faço chegar ao vosso conhecimento, podendo, inclusive, desde já, se assim o entenderem, para além da leitura, produzir os vossos comentários.

Bem Hajam!

Paulo M. A. Martins