quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Momentos de Reflexão... (XV) - Nunca, tão poucos foram tantos!... De Cannes ao Brasil, com passagem por Portugal

Momentos de Reflexão... (XV)


Nunca, tão poucos foram tantos!...
De Cannes ao Brasil, com passagem por Portugal



Paulo M. A. Martins (*)
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paulo.m.a.martins@gmail.com
http://paulomamartins.blogsopt.com


(Em Portugal)



Não sou, não fui, nem serei apoiante e ou seguidor de "pessoas", enquanto "pessoas físicas" e ou "pessoas jurídicas", sejam elas quais forem, muito menos de políticos, governantes, gestores, sejam eles públicos ou privados, e não só, independentemente das minhas convicções políticas, religiosas, etc.

Sempre gostei e gosto de manter equidistância, transparência, frontalidade, isenção e independência.

Nos meus escritos, a par de, crónicas e reflexões, sempre privilegiei e privilegio os princípios consagrados na Carta Magna dos Direitos Humanos.

De igual forma, sempre procurei e procuro transmitir a toda a "verdade possível" que nem sempre é compatível ou coincidente com a "verdade desejável", devido a factos que, no momento da sua abordagem e subsequentes, me ultrapassam.

Muito menos, persigo interesses e obtenção de promoções, mordomias e ou benesses, sejam elas a que título forem, em ordem a defender e ou promover o meu interesse pessoal, simulando, para o efeito, "alvos" que não sejam os implícitos e explícitos evidenciados, com isenção, transparência, frontalidade e objectividade ao longo dos textos e das mensagens que pretendo divulgar e divulgo, assumindo, como tal, toda a responsabilidade ética, moral e material.

Mas, que fique claro, não sou, nunca me afirmei, em circunstância alguma, nem me afirmo, como sendo o dono e senhor de toda a verdade! Tanto mais, porque, quer se queira quer não, entendo que, no seu estágio inicial, a verdade é quase sempre relativa, tudo dependendo do lado, do motivo e do interesse que nos é mostrada. Daí, a diferença entre a verdade possível e a verdade desejável, que muitas vezes se contradizem, inclusive, no plano jurídico.

Mas, a verdade é só uma: A VERDADE! Nada mais!

Ao longo de toda a minha carreira como jornalista, quer em Portugal quer no estrangeiro, particularmente no Brasil, sempre tenho aconselhado e aconselho, sobretudo, os jovens estagiários de jornalismo, que tudo se pode dizer e escrever, mas a questão de fundo reside, fundamentalmente, na forma e no estilo em que é dito e escrito, tanto mais, porque nem sempre as fontes, que nos facultam a informação, se disponibilizam para colaborar, sobretudo, quando, deliberadamente, optam por fazer obstrução e se opõem à sua divulgação.

Mas, um princípio sagrado que sempre me acompanhou e acompanha, ao longo de toda a minha carreira, permanece incólume: a não divulgação das minhas fontes de informação, mesmo quando na presença de um JUÍZ de DIREITO!

É um direito que me assiste: inalienável e indeclinável!

Só a mim, a mais ninguém, cabe defender e preservar, mesmo, até às últimas consequências, a inviolabilidade da fonte!

Sou, sempre me afirmei e afirmo, como um homem singular de profundas convicções!

Lisboa, 03.Novembro.2011

                                                       Paulo M. A. Martins


* * * * *


1. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente da Comissão da União Europeia, Durão Barroso, participaram numa reunião, convocada de emergência, em Cannes, com os líderes das instituições europeias, do FMI, da Alemanha e França, com a Grécia para pressionar o governo do país no sentido de uma rápida implementação do acordo de resgate financeiro a Atenas, acordado na passada semana.

Entretanto, o Primeiro-Ministro grego, George Papandreou, já havia anunciado, na segunda-feira, a realização de um referendo sobre o acordo a que os 17 países da Zona Euro chegaram na passada semana e que reduz em cerca de um terço a dívida grega.

No final, a chanceler alemã disse ainda, no seu tom habitualmente grave, que o encontro do Primeiro-Ministro grego, Georges Papandreou, com os responsáveis europeus e com os dirigentes do FMI, foi "duro" e difícil".

Sem pretender entrar em grandes delongas, agora, não se entende muito bem toda esta "pressão", tanto mais, porque a UE - União Europeia NÃO é, quer se queira quer não, uma Federação de Estados, mas, isso sim, um conjunto de Estados-membros que prosseguem interesses cada vez mais divergentes e que não fomentam a unidade e a convergência de interesses no seu seio.

Na realidade, nessa imensidão territorial, que é a União Europeia, nunca tão poucos, qualitativa e quantitativamente, foram tão incompetentes, oportunistas e obtusos para chegarem a conclusões definitivas. Em abono da verdade, ou não sabem ou não querem saber. O que importa, isso sim, é olhar para o seu "umbigo", mas sabem invocar solidariedade...

Mesmo não sendo uma Federação de Estados, o eixo franco-alemão prepara-se, paulatinamente, para exercer uma hegemonia férrea sobre os restantes países. Com ou sem a Grécia!

No fundo, uma vez que insistentemente se apregoa que estamos e vivemos numa democracia comunitária, mais do que nunca, por imperativos do exercício da Liberdade e da Democracia, há que, segundo o seu Presidente, George Papandreou, dar a voz ao Povo, deixar que ele se pronuncie, através de referendo, e, sobretudo, respeitar a vontade soberana do Povo Grego. É aí que, em primeira instância, residem os direitos de soberania e de cidadania!


O G20 mais não é, mais não passa, de uma nuvem negra, embora passageira, que aparece ciclicamente e ao qual os governos se curvam em termos de subserviência e se subordinam cegamente, esquecendo-se do Povo, verdadeira e autêntica razão da sua existência...

Mas, esta novela, promete continuar, enquanto o tempo se esvai e a Europa necessita urgentemente de novas lideranças, porque as actuais, desde há muito, já esgotaram o seu tempo de "antena" , mais parecendo uma autêntica e verdadeira cacofonia

A voz do Povo é a voz de Deus!
2. Não oferece dúvidas a quem quer que seja que Portugal está a atravessar a sua maior crise económica, financeira e social de todos os tempos, ombreando com alguns dos seus parceiros da UE - União Europeia, no seguimento da persistente grave crise que se instalou na Europa e, em grande parte, atravessa o mundo.

Na realidade, queiram desculpar a insistência, em Portugal, depois de um passado recente muito sombrio, tenebroso, resultante dos sucessivos desvios e desvarios imprimidos ao desenvolvimento, conduzidos pelo então Primeiro-Ministro, José Sócrates, e não só, cujas repercussões conduziram ao "pântano" em que dramática e perigosamente nos encontramos, enquanto se "passeia", melhor dizendo, "estuda filosofia"  e, segundo os ecos que nos chegam através da Comunicação Social, "oferece" almoços e jantares a diplomatas da UE - União Europeia, na Cidade Luz, em Paris (França).

Ou será que se encontra em "trânsito", a aguardar o momento mais oportuno para poder zarpar até um qualquer "paraíso" algures no mundo, deixando para trás, fugindo às irresponsabilidades políticas, morais e materiais dos seus actos governativos e do seu governo, perante a imobilidade e ou o aguardar da prescrição dos processos em curso pela Justiça?

Talvez o Procurador-Geral de Justiça, Pinto Monteiro, a quem muito boa gente apelida de "encobridor-mór", possa explicar melhor. Tanto mais, porque, nos últimos tempos, tem-se remetido para um silêncio sepulcral...

Até quando esta novela bem portuguesa e à portuguesa?...

3. Enquanto isto, com a crise instalada para durar, sem que se vislumbre uma luz ao fundo do túnel, dadas as surpresas que nos chegam todos os dias, os incansáveis militantes e irrealistas da "esquerda folclórica" portuguesa ( PCP - Partido Comunista Português, BE - Bloco de Esquerda, "Os Verdes") não se cansam de mobilizar tudo e todos para as "habituais" manifestações de rua que se avizinham...


O PS - Partido Socialista, através da voz e do voluntarismo do seu novo líder, António José Seguro, além de se associar às iniciativas em marcha, mais parece querer, como se nada tivesse acontecido, passar uma esponja sobre a anterior governação PS / José Sócrates.

Por outro lado, também, a CGTP-IN e a UGT, agora, de braços dados, em espírito e acção de unidade,  assumem-se como verdadeiras correias de transmissão dos referidos partidos políticos nesta luta sem tréguas dando azo à sua irresponsabilidade do QUANTO PIOR, MELHOR!

Mas, curiosamente, nesta luta cega e obstinada, com excepção do PS - Partido Socialista, nenhuma das restantes forças político-partidárias se assume e reivindica a vontade de conquista do PODER, já, anteriormente, evidenciada em anteriores eleições legislativas, sendo que é essa a VOCAÇÃO NATURAL do combate político!

Então, o que pretende a "ESQUERDA FOLCLÓRICA PORTUGUESA"?

Obviamente, só pode ser a continuidade por um lugar ao sol na Assembleia da República, com todas as mordomias e benesses, para continuar a "parasitar", abusiva e escandalosamente, à custa do POVO PORTUGUÊS, mas produzir algo de útil para PORTUGAL e para a NAÇÃO, nem pensar!...

Desestabilizar e conspirar, isso sim, é a palavra de ordem que se ouve por toda a parte, particularmente, desde que o PCP - Partido Comunista Português e o PREC - Processo Revolucionário em Curso, na segunda metade dos anos "70 e princípios dos anos 80", foram apeados e rejeitados, definitivamente, do PODER pelo POVO PORTUGUÊS nas urnas em sucessivas eleições livres e democráticas!

4. Na decorrência do último fim de semana, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, levaram a diplomacia económica lusa na bagagem em duas passagens-relâmpago pelo Brasil.
O Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco Silva, no decorrer de um jantar onde foi homenageado, em São Paulo, afirmou no Brasil que, apesar de Portugal viver "horas difíceis", existem empresas portuguesas com "extraordinárias histórias de sucesso" que merecem "a atenção e o interesse dos empresários brasileiros".
Também, a Presidente da República do Brasil, Dilma Rousseff, se reuniu com o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, no Palácio do Planalto, em Brasília, para debater uma "parceria estratégica" entre os dois países. O Primeiro-Ministro disse que espera investimentos brasileiros na recuperação da economia portuguesa.

Em jeito de "task force", assim vai a diplomacia económica portuguesa e o Mundo!



Lisboa, 03.11.2011

Paulo M. A. Martins


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(*) Jornalista luso-brasileiro, radicado em Fortaleza, Estado do Ceará, Brasil e membro do Conselho Geral da Fundação Aristides de Sousa Mendes (Portugal).

domingo, 16 de outubro de 2011

Momentos de Reflexão... (XIV) - PORTUGAL - Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão!

Momentos de Reflexão... (XIV)



PORTUGAL - Casa onde não há pão,
todos ralham e ninguém tem razão!


Paulo M. A. Martins (*)
Jornalista
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paulo.m.a.martins@gmail.com
http://paulomamartins.blogsopt.com

( Em Portugal )


Quando do glorioso "25 de Abril de 1974", por toda a parte se invocava ter-se atingido uma "sociedade sem classes", também "Revolução dos Cravos", que, entretanto, ao longo dos últimos 37 anos foram murchando e, hoje, só restam as pétalas secas já caídas no chão...

Os portugueses, a Intersindical, os sindicatos, os partidos políticos, entretanto, surgidos da clandestinidade, enfim, todo o mundo dava azo à sua alegria exacerbada, sonhava e delirava!...

Da noite para o dia, tal como num golpe de magia, tudo se havia transformado num sonho de Primavera!

Um falso entusiasmo que, com altos e baixos, no decorrer do tempo, se tem vindo a confirmar e a agravar de forma dramática e insustentável!


De Lisboa para o Mundo
A "Marcha dos Indignados"...


De Sydney a Nova Deli, de Lisboa a Nova Iorque, 951 cidades de 82 países são palco de manifestações e de outras acções de protesto para reclamar uma mudança global democrática e contestar o poder financeiro.

Em Lisboa (Portugal), da Praça Marquês de Pombal para a Assembleia da República, em São Bento, foram mais de 100 mil "indignados", com o sistema político e financeiro, que desfilaram e fizeram ouvir a sua voz.

Precários, reformados, jovens, pessoas de meia-idade, idosos, crianças, famílias inteiras, constituíram os milhares de pessoas que desfilaram do Marquês de Pombal à Assembleia da República.

Cresceram [as razões de protesto], então esta semana com a apresentação do novo Orçamento do Estado, o pico do icebergue”, falou à Lusa, Paula Gil, da organização do protesto, que não deixou de referir os cortes dos subsídios de férias e de Natal, para o próximo ano, já anunciados, alguns dias antes, pelo Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.

"FMI e troika fora daqui", os apelos à luta, insultos aos responsáveis políticos foram alguns exemplos do que as pessoas tinham para dizer, quer fosse gritando ou empunhando cartazes.


...lembrar aos governantes que
são apenas representantes.
Nada mais!
A soberania é do povo!


De novo, esta onda de protesto teria, no final, uma ‘assembleia popular’, da qual eram esperados contributos para uma solução para a crise. E foi, mesmo, em frente à Assembleia da República que os manifestantes pararam para lembrar aos governantes que são apenas representantes. Nada mais!

 Ainda, segundo Paula Gil, “Penso que chega uma altura em que começamos a ouvir a voz de todas as pessoas que saem à rua. A soberania é do povo, e o Governo não se pode esquecer disso”.

Entretanto, o Movimento dos 'Indignados' manifestou-se disponível para se juntar aos sindicatos numa greve geral, se esta se vier a concretizar, dado que a reunião, entre as duas Centrais Sindicais: CGTP-IN e UGT, vai ter lugar no início da próxima semana.

Também, a Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, se disponibilizou para receber as propostas que os manifestantes, concentrados em frente ao Parlamento, lhe quisessem fazer chegar.


Jerónimo de Sousa
apela a jornadas de convergência...


Portugal está a viver um regresso
"aos tempos de miséria e opressão" do
Estado Novo e as novas medidas de
austeridade anunciadas pelo Governo
abrem "uma nova fase na luta de massas"


No final de um encontro nacional de quadros, realizado na Casa do Alentejo, em Lisboa, o Secretário-Geral do PCP - Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa, defendeu que o povo português se encontra neste momento confrontado com uma questão:

"Ou se conforma com a destruição pedra a pedra dos seus direitos, das suas condições de vida, do seu presente e futuro, ou se levanta e luta pela salvação do país, pela derrota de todas e cada uma das medidas que o Governo, a União Europeia e o grande capital querem impor ao país".

"Depois dos PEC, do pacto de agressão, do Programa de Governo e da declaração do primeiro-ministro na passada quinta-feira, entramos numa nova fase da luta de massas", considerou.

E, neste contexto, o líder do PCP apelou para a participação na semana de luta convocada pela CGTP-IN, que decorrerá entre 20 e 27 de Outubro, apontando-a como "uma importante etapa, num processo que convoca todos os democratas e patriotas para derrotarem este rumo de desastre, abrir caminho a uma ruptura com a política de direita, afirmar um Portugal com futuro".

O líder comunista referiu ainda tratar-se de uma luta "que terá de prosseguir, intensificar-se e alargar-se com a sua descentralização e multiplicação, com novas e mais fortes jornadas de convergência".


Um relance sobre a História recente...


Em dado momento, ainda no final da segunda metade dos anos "70", Francisco Sá Carneiro, "um meteoro que passou pela política portuguesa", defendeu que, "um Presidente da República, uma maioria na Assembleia da República e um Governo", saídos do mesmo quadro político-partidário, seria a melhor solução para o futuro e estabilidade política, económica e social de Portugal.

Entretanto, em 2005, por razões ainda não suficientemente claras e justificadas, o então Presidente da República, Jorge Sampaio, dissolve a Assembleia da República e demite o Primeiro-Ministro, Pedro Santana Lopes, do PSD. No ar, hoje, paira, ainda, a promessa (ameaça?) de Pedro Santana Lopes de mais tarde fazer luz sobre os motivos que, na realidade, concorreram para a sua demissão...

Após a realização de eleições intercalares, o Presidente da República, Jorge Sampaio, dá posse ao novo Primeiro-Ministro, José Sócrates, ambos do PS - Partido Socialista, que, no período de 12 de Março de 2005 a 21 de Junho de 2011, depois, reeleito em 27 de Setembro de 2009, se manteve em exercício de funções.

E o pensamento de Francisco Sá Carneiro concretizou-se pela negativa, não com o PSD mas, isso sim, com o PS - Partido Socialista!

Tal como se veio a verificar, contrariamente ao pensamento político de Francisco Sá Carneiro, com esta decisão, forçada, Jorge Sampaio, em final de mandato, não só criou condições privilegiadas de tomada do Poder pelo seu próprio partido - o PS, como ficou aberto o caminho à incompetência governativa, evidenciada pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates, ao longo dos seus governos, que, praticamente, conduziu Portugal ao abismo e à bancarrota.

Importa, ter presente que, na noite do 22 de Março de 2011, os deputados da Assembleia da República rejeitaram o Projecto do IV Programa de Estabilidade e Crescimento, proposto por José Sócrates, para combate à recessão económica, o que obrigou a pedir resgate ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, como havia ocorrido, de facto, na Irlanda e na Grécia. Na manhã do dia de 23 de Março, José Sócrates apresentou o pedido de demissão do cargo de Primeiro-Ministro da Nação ao actual Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Nas eleições presidenciais de 22 de Janeiro de 2006, o Professor Aníbal Cavaco Silva foi eleito Presidente da República, tendo tomado posse em 9 de Março do mesmo ano, e sido reeleito em 23 de Janeiro de 2011.

Politicamente, Portugal é um regime "semipresidencialista", onde o Presidente da República não governa, mas tem pleno poder para dissolver o Parlamento a qualquer momento.

Todavia, importa ter presente que Aníbal Cavaco Silva é licenciado em Finanças pelo ISCEF - Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, de Lisboa, e doutorado em Economia pela Universidade de York, no Reino Unido. Foi docente do ISCEF, Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa e, quando foi eleito Presidente da República, pela primeira vez, era Professor Catedrático na Universidade Católica Portuguesa.

E, com muita seriedade e oportunidade, ocorre questionar:

- Quando um Presidente da República, como Aníbal Cavaco Silva, que conquistou duas maiorias absolutas consecutivas em Eleições Legislativas e exerceu as funções de Primeiro-Ministro, entre 1985 e 1995, como pode permanecer indiferente ao "afundamento" de Portugal, permitindo um "louco" à solta", como José Sócrates?

Todavia, apesar de tudo, o que de mais negativo caiu e se abateu sobre Portugal e os Portugueses, pois, podia e devia ter assumido atempadamente uma decisão, mas, por ironia do destino, ainda foi contemplado com uma reeleição, como Presidente da República, por mais 5 anos, fazendo sobrepor as suas ambições pessoais às do País!

E, agora, é o PSD quem detém a Presidência da República, a Assembleia da República e o Governo em coligação com o CDS - PP, uma aliança contra-natura, diga-se em abono da verdade, alimentada pela "ambição" desmesurada do exercício de Poder!

O Poder pelo Poder!

É, de facto, uma situação muito complexa, muito complicada que vai muito mais além das ambições de manutenção um sistema "semipresidencialista"...

Recentemente, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, depois do voto negativo da Sérvia (o único!) às pretensões e objectivos lunáticos da Chanceler Alemã, Angela Merkel, do Presidente da República Francesa, Nicolas Sarkozy, e dos sucessivos lampejos hilariantes do Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, parece ter despertado (?) e lembrou-se, imediatamente, de acusar a Alemanha e a França sobre a grave crise financeira que assola a Europa Comunitária.

Só que o problema de fundo, não é só financeiro.

É, também, político, económico e, sobretudo, social!

E MORAL, também!

Enquanto isto, José Sócrates, que havia anunciado ir estudar Filosofia numa universidade parisiense,  pavoneia-se, impávido, sereno e impune, pelas ruas da "Cidade Luz", sem que ninguém, inclusive o próprio Partido Socialista, de que ainda é membro, ouse pedir-lhe contas e o obrigue a responder pelos seus actos, sobre a sua desgovernação irracional e irresponsável, oferecendo lautos almoços, nos mais luxuosos restaurantes de Paris, a diplomatas da UE - União Europeia...

E, agora?...

Os Portugueses que alavanquem e suportem a crise, com todos os prejuízos daí decorrentes?...

Entre tantas crises, parece não restar dúvidas para a própria crise do regime político português e da democracia...

Está gravemente doente, a caminhar vertiginosamente para o estado de "coma"!

Tanto mais, porque, agora, mais do que nunca, só se vê e ouve chorar pela "classe média portuguesa"...

E os outros Portugueses, os do Portugal profundo, que sofre e trabalha, que estão sendo chamados a suportar crises sistemáticas para as quais não contribuíram e, muito menos, foram chamados a participar?...

As medidas preconizadas e anunciadas, esta semana, pelo Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, na Assembleia da República, definitivamente, não vão resultar. Pelo contrário, vão-se agravar, cada vez mais, por proteger os mais fortes, escandalosamente, sobretudo, os políticos, governantes e os donos do capital, nacional e internacional, ao qual estão fortemente subjugados e unidos por um forte e intransponível cordão umbilical!

Dúvidas?




Lisboa, 16.10.2011

Paulo M. A. Martins

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(*) Jornalista luso-brasileiro, radicado em Fortaleza, Estado do Ceará, Brasil.
(Em Portugal)


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Momentos de Reflexão... (XIII) - NÃO! DECIDIDAMENTE, NÃO!


Momentos de Reflexão... (XIII)


NÃO!
DECIDIDAMENTE, NÃO!

Paulo M. A. Martins (*)
Jornalista
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paulo.m.a.martins@gmail.com
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( Em Portugal )









Professor Aníbal Cavaco Silva
Presidente da República de Portugal


NÃO!
DECIDIDAMENTE, NÃO!



Haja a coragem de reconhecer que o Professor Aníbal Cavaco Silva está longe, muito longe de ser o Presidente da República ideal para Portugal!

Qualquer semelhança, só por mera coincidência...

Nada mais!



1. Aliás, ainda como Primeiro-Ministro, foram muitas as dúvidas que ficaram em suspenso no ar, quanto aos destinos a imprimir ao desenvolvimento político, económico e social de Portugal...

Quem sempre se havia afirmado céptico, muito céptico quanto à integração de Portugal na UE - União Europeia para, depois, se tornar no maior "consumista" de subsídios comunitários é algo que ronda o "parasitismo" a que, nós, Portugal, nos votamos...

Que fique claro, sem margem para qualquer dúvida, sempre e quando afirmo, no maior "consumista" de subsídios comunitários, resulta do facto de, até à data, ainda não ter sido divulgado aos portugueses o volume de subsídios obtidos por Portugal junto da UE - União Europeia e sua aplicação, bem como as participações dos sucessivos OE - Orçamentos de Estado, para, então sim, se poder fazer uma melhor avaliação do grau de endividamento e de dependência  assumido por cada governo constitucional.

Será assim tão difícil, ou não convém?...

2. Assim como, sob a óptica de não interferir nos actos e decisões (soberanas) do governo, sob total e irrestrita impunidade, permitiu que um "louco e incompetente" arvorado em Primeiro-Ministro de Portugal, de nome José Sócrates, conduzisse Portugal para o "pântano" em que agora nos encontramos mergulhados...

Portugal transformou-se, está transformado num imenso país de "incêndios", a arder, mais parecendo um bando de "baratas loucas" a correr, desalmadamente, a "apagar" fogos inapagáveis e para os quais, os Portugueses, em nada contribuíram nem foram chamados...

Não foi nada disto o que foi e tem sido, ampla e sistematicamente, prometido!...

Pensa-se uma coisa, diz-se outra, para depois se fazer nada parecido...

3. Salvo melhor opinião, no meu entendimento, ser-se o mais Alto Magistrado da Nação,  o Presidente da República de um Estado de Direito Democrático, como Portugal, particularmente, no gravíssimo período que está a atravessar, não é presenciar, impávido e sereno, ao desfilar de uma verdadeira "feira de vaidades e de inverdades", onde a Assembleia da República sempre tem assumido especial e particular notoriedade...

Assim como, não é fazer intervenções públicas de circunstância, enviar "recados" para o Governo, dar entrevistas ao ar livre (encomendadas), com o Palácio de Belém a servir de fundo, distanciar-se do "país real e profundo", dando cobertura privilegiada às elites partidárias e eleitorais, e, sobretudo, mostrar profundo horror e distanciamento da pobreza e da miséria...

Mas, é, sobretudo, antes de mais, ser-se um profundo e convicto HUMANISTA!

De resto, é uma qualidade que, por muito esforço que se faça,  não se lhe conhece!

E, como tal, em tempo algum, poderá ser, em toda a acepção da palavra, considerado um verdadeiro e autêntico  ESTADISTA! Excepto, pelos seus seguidores e acéfalas clientelas partidárias e apoiantes.

Tanto mais, porque, para completar a "amostra", ainda falta muito, mas muito... Cada vez mais, a distância que o separa do Portugal real e profundo, é maior...

Mas, quer se queira quer não, é este, Professor Aníbal Cavaco Silva, o majestático Presidente da República que temos! Algures, noutra "galáxia" que não a portuguesa... Ou, talvez, a nova versão da "Alice no país das mil maravilhas"...

4. Portugal, por muito que se pretenda, agora, ainda não esqueceu, nem conseguiu e, muito menos, vai esquecer a onda de incompetência, de loucura, de injustiça, de mentira, de corrupção aos mais variados níveis, de sexo depravado só faltando, para completar esta "panóplia" de virtuosos e bons costumes, soltar dos estabelecimentos prisionais os bandidos, os ladrões, os corruptos, os assassinos, os pedófilos, e começar a dependurar nos candeeiros da Avenida da Liberdade e outras os magistrados, os juízes, os agentes da justiça, os agentes da forças de segurança (GNR, PSP, Guardas Prisionais, SEF, etc, etc).

Então, sim, definitivamente, na "galáxia" de Portugal, teríamos a verdadeira, a autêntica revolução cultural portuguesa, à "portuguesa"!

5. Parece que ainda falta muito tempo, mas não, afigurando-se-me pertinente questionar, como pensa o Presidente da República que as famílias vão, este ano, celebrar o Natal? 

E, ele próprio, e a  sua família?

O "Pai Natal", que foi drasticamente absorvido pelo Governo para pagar as dívidas de Portugal, dos governantes e políticos, este ano, deverá ser substituído pela "Mãe Natal", que oferecerá os brinquedos às criancinhas, junto de uma qualquer árvore de Natal, enquanto os trabalhadores portugueses se alinham e aprumam para irem à Missa do Galo e, depois, à "Sopa do Barroso"?...

E os doentes hospitalizados e os presos nos estabelecimentos prisionais, terão a sorte de um qualquer órgão de comunicação social (jornal, rádio e ou televisão), como já vai sendo hábito,  lhes proporcionar um espectáculo de variedades?

E os pobres, os sem recursos, os sem tecto e os miseráveis, sem eira nem beira, espalhados por muitas e muitas ruas tiritando de frio ou sob a neve e a chuva fria, que "Consoada" os espera?...

6. Lá longe, algures na União Europeia, provavelmente, em Paris, Durão Barroso e José Sócrates encontraram-se para um jantar, mais um, de circunstância, para variar...

Durão Barroso, visivelmente irritado com o que lê (este preciso texto), vira-se para José Sócrates e dispara:

- Quando é que este "gajo" se capacita que Portugal está de "tanga"!

- O quê?... O quê?.. Pergunta José Sócrates.

- Este "gajo", ainda não se capacitou que Portugal está de tanga! E não se cala... Estou farto e cansado de o dizer - Portugal está de tanga!

- É porreiro, pá! É, mesmo, porreiro, pá! Vamos mas é ao nosso caviar! Reagiu José Sócrates...

- A propósito, isto, é mesmo caviar ou esturjão? Pergunta Durão Barroso.

- É pá, é tudo a mesma coisa. Só que este caviar é feito de ovas salgadas de esturjão! Agora, come e cala-te! Responde, abruptamente, José Sócrates.

 É, assim, o ambiente político que se respira em Portugal e no "Portugal Real e Profundo"...

Lisboa, 05.10.2011




Paulo M. A. Martins


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(*) Jornalista luso-brasileiro, radicado em Fortaleza, Estado do Ceará, Brasil,
e Conselheiro da Fundação Aristides de Sousa Mendes (Portugal).

(Em Portugal)