quarta-feira, 11 de agosto de 2010

“… és um homem com muitas estórias para contar!”

MOMENTOS DE REFLEXÃO… (6)
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Brasil, Fortaleza (CE),
Dias dos Pais, domingo, 08.Agosto.2010


“… és um homem com muitas estórias para contar!”


Paulo M. A. Martins
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paulo.m.a.martins@gmail.com



No passado domingo, 8 de Agosto, foi comemorado, aqui, em Fortaleza (CE), capital do Estado do Ceará, no Brasil, o “Dia dos Pais”.

Nesta ocasião, as famílias aproveitam para, conjuntamente com amigos mais íntimos e com outros, afectivamente ligados por elos e afinidades, se reunirem, comemorarem e prestigiarem os pais e, sobretudo, os mais anciãos.

É, de facto, um dia festivo, a que não estamos ainda habituados em Portugal. Mas, como não podia deixar de ser, é o Brasil na sua expressão maior de homenagear e prestigiar os ‘Pais’, sobretudo, os mais anciãos, onde as crianças, os jovens, os adultos se integram e manifestam a sua devoção paternal!

Pela primeira vez, tive o grato privilégio de, com muita simpatia, ter sido convidado, através de um familiar da minha esposa, para participar numa dessas reuniões de família, que aceitei com muito gosto, agradeci o gesto muito simpático e colaborámos com a nossa presença.

Um pouco antes do meio-dia, os presentes já começavam a ocupar os seus lugares e a tomar os seus aperitivos, enquanto aguardavam a chegada de mais familiares e amigos.

A pouco e pouco, já saboreando um whisky, servido com bastante gelo e água gaseificada, o diálogo ia-se estabelecendo entre os presentes, conhecidos e não conhecidos, enquanto as apresentações, os cumprimentos, as saudações, os olhares e as conversas se cruzavam, com a chegada de mais familiares e convidados.

Muito próximo da minha mesa, um jovem recém-casado, filho do anfitrião, prestava-se ao papel de ‘churrasqueiro de serviço’, oferecendo, como “aperitivo ou tira-gosto”, umas apetitosas e suculentas tiras de ‘picanha no churrasco’, que na sua deglutinação se misturavam com cerveja bem gelada, para uns, e refrigerantes e sucos para outros…

O ambiente já estava prestes a atingir o “boom”, quando começaram a servir os primeiros pratos. Foi uma sucessão de cozinhados regionais, característicos do Ceará, até que, finalmente, surgiu o tão anunciado, aguardado e desejado “Bacalhau com Natas”, cujo aspecto, só de olhar, era de fazer crescer água na boca...

Ao meu lado, o anfitrião, fez questão de me dizer que o bacalhau era português. De facto, o bacalhau não era português, mas, sim, da Noruega. Muito subtilmente, fiz questão de corrigir a informação e de explicar o porquê. O que acontecera, isso sim, foi que a sua filha e o seu genro o haviam trazido de Portugal, onde se encontram radicados.

Instantes depois, à medida que iam servindo o delicioso “manjar dos deuses”, surge a sua filha a anunciar e a confirmar que se tratava de “Bacalhau com Natas”, assim como, no final da sua curta intervenção, me lançou um repto, pois gostaria de saber a minha opinião. A opinião de um português.

Alguns minutos depois, chamá-la-ia para a parabenizar pela excelente ideia de incluir o bacalhau no cardápio e, sobretudo, pela sua esmerada e aprimorada confecção. Para mim, uma grande surpresa, nestas em terras longínquas do Ceará…

De fazer, ‘Huuuuuummmmm!’ e dizer: Divinal!

No seu conjunto, o “bacalhau” estava, de facto, deliciosamente bem confeccionado e, sobretudo, apetitoso e suculento, bem temperado, apaladado e muito gostoso, o qual sendo acompanhado com cerveja “estupidamente bem gelada”, mais se parecia com o ‘banquete dos deuses’.

Quem diria, que, alguma vez na minha vida, eu pudesse vir a deparar-me, aqui, na “Terra da Luz”, com uma magnífica refeição tão tipicamente ‘lusitana’?

Uma pequena nota a registar, não uma crítica, para estar cem por cento ‘lusitano’: apenas faltou ser acompanhado, ‘regado’, com um bom vinho tinto bem encorpado ou um vinho verde bem gelado, mas há que ter em atenção o respeito pelos hábitos e costumes destas paragens. Valeu!

Entretanto, o convívio não cessava e, inclusive, aumentava o tom, atingindo o seu “boom”, onde a alegria se contagiava entre os presentes, começando-se, após a sobremesa e o café, a formar pequenos grupos que, ao longo da tarde até ao pôr-do-sol, se estenderiam em longas conversas sobre os mais variados temas e assuntos, onde, também, não fui uma excepção, apesar de me considerar “um estranho desconhecido” entre os demais!

Mas, com toda a sua diversidade, tudo isto, é Brasil!

Tendo ainda ao meu lado o anfitrião, deparo-me com uma conversa cruzada entre um jovem, que estava no meio da mesa, e um adulto, sentado à minha frente, sobre questões cardiovasculares, o que, de certa forma, me chamou a atenção. Ambos sabiam do que do falavam e estavam a dizer.
Presenciei toda a conversa atentamente, para chegar à conclusão, depois confirmada, de que o adulto, há já algum tempo, havia sido submetido a uma intervenção cirúrgica às coronárias e usava, agora, complementarmente, uma ‘pilha’ a que chamam de ‘toca passo’, para normalizar os batimentos do coração, face ao fluxo sanguíneo.

Terminada a conversa cruzada, ele, olhando-me de frente, questionou-me se era português e de qual zona, sem, contudo, deixar de acrescentar que gostava muito de conhecer Portugal e a Europa, tanto mais, porque os seus afazeres profissionais (analista de sistemas - informática) já o haviam conduzido aos Estados Unidos, que já conhecia.

Foi este, o ponto de partida de uma conversa muito agradável, que se estenderia por toda a tarde, até ao pôr-do-sol, altura em que começara a surgir o lusco-fusco. Já nem era dia nem era ainda noite…

Muitas foram as questões abordadas, de parte a parte. Algumas de carácter pessoal, outras de âmbito profissional e também sobre Portugal e o Brasil.

Curiosamente, apercebi-me que, a partir de certa altura, era só eu quem falava, enquanto o meu interlocutor ouvia atentamente tudo quanto eu lhe contava. Quase bebia as minhas palavras…

Confesso que, não tenho por hábito monopolizar as conversas, mas, para ele, tudo ou quase tudo era novo… Daí a minha surpresa.

Obviamente, falei-lhe sobre os meus percursos de vida em Portugal e também no Brasil.

Da actividade desenvolvida na banca, das minhas eleições para cargos autárquicos (assembleia municipal e câmara municipal) e sobre o exercício dos meus mandatos. Da minha passagem pelos SAMS – Serviços de Assistência Médico-Sociais dos Bancários portugueses e da excelente e inigualável obra feita, da minha passagem por vários governos de Portugal, como assessor de governantes, assim como da notável obra feita com a reestruturação portuária e actividade dos portos portugueses e a sua projecção no contexto dos portos europeus. Também, não faltou a abordagem à minha passagem pelo Sector das Pescas - 1ª. venda do pescado, nomeadamente a Docapesca e o Serviço de Lotas e Vendagem. Falámos ainda da minha actividade desenvolvida na SEDES, de política e do partido político a que eu pertenço, assim como da minha dedicação, ao longo de mais de mais de 30 anos, à Rádio e ao Jornalismo e tantos outros assuntos…

Em todas essas passagens, havia sempre um ou mais factos e envolvimentos de que eu me servia para ilustrar e justificar determinadas decisões, opções ou até mesmo tomadas de posições públicas, até que o tempo, disponível e disponibilizado por ambos, face a outros compromissos sociais assumidos, se esgotou… Foi o tempo de trocámos ainda os nossos contactos pessoais para futuros encontros e ou conversas…

No momento das despedidas, com a promessa recíproca de nos voltarmos a encontrar, sorridente, em voz alta e bom som, pela segunda vez, disse-me:

“És um homem com muitas estórias por contar!
Vamos continuar!”

Tendo-lhe respondido, e, também, com muitas estórias ainda por ouvir!
Vamos continuar!

Pouco mais de duas décadas, é o tempo que separa as nossas idades, com problemas de saúde comuns, diferentes experiências vividas, assim como, de percursos bem diferentes.

Valeu a pena!

Saí mais rico!

Que venha o próximo “Dia dos Pais”, pois, se não for antes, certamente, não deixarei de ter mais estórias de vida para contar, assim como para ouvir!

É a falar, abertamente e sem preconceitos, que os homens se entendem!

Falar, recordando, é viver!



* * * * *


2 comentários:

  1. Olá, Caro Compadre,

    Sim, essa é a razão porque gosto de ouvir, ou de ler!

    Todos beneficiam!

    Quem conta, toma consciência e, normalmente, aprende; quem ouve, com atenção, beneficia e torna-se mais perspicaz com os episódios que ira ter na vida.

    Infelizmente, vivemos numa época em que ouvir ou ler trás a pergunta da desconfiança: será verdade?

    Um Grande Abraço,

    Break

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  2. SABIAM QUE ESTA COISA CHAMADA PAULO.M.A.MARTINS, ROUBOU DINHEIRO EM PORTUGAL E FUGIO PARA O BRASIL?

    SABIAM QUE PAULO.M.A.MARTIINS É O MAIOR CALOTEIRO PORTUGUES?

    DIVIDAS EM PORTUGAL SÃO AOS MILHARES.... CUIDADO COM ELE NÃO CAIAM NO CONTO DO VIGÁRIO.

    ATT
    BROQUINHA

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Caríssimas(os),
Minhas (Meus) Boas (Bons) Amigas(os),

Antes de mais, queiram aceitar as minhas afectuosas saudações.

Uma nova postagem está à vossa disposição em e, como tal,faço chegar ao vosso conhecimento, podendo, inclusive, desde já, se assim o entenderem, para além da leitura, produzir os vossos comentários.

Bem Hajam!

Paulo M. A. Martins