quarta-feira, 6 de julho de 2011

PORTUGAL: AINDA O BENEFÍCIO DA DÚVIDA?...

XIX Governo Constitucional de Portugal


PORTUGAL: AINDA O BENEFÍCIO DA DÚVIDA?...
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Paulo M. A. Martins (*)
Jornalista
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paulo.m.a.martins@gmail.com


Em Portugal


Neste momento, é difícil, para não dizer impossível, alhear-me do que se está a passar em Portugal, da forma como está a evoluir, negativamente, o tecido económico e social.

Não gostaria de tornar-me alarmista, muito menos um novo "Velho do Restelo" ou arauto das desgraças, pois, por princípio, até me considero um optimista, mas a realidade dos factos, dado o que se passa e se constata à vista desarmada, desde as decisões do Governo de Pedro Passos Coelho às declarações nada animadoras do Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco Silva, não deixam margem para quaisquer dúvidas...

Se não, vejamos:

- A principal agência internacional de notação (Moody's), no seu ranking, já considerando as novas medidas de austeridade adoptadas pelo Governo, acaba de cortar em quatro níveis o "rating"de Portugal, de Baa1 para Ba2, colocando a dívida do país na categoria de "lixo", ou seja na fronteira da "bancarrota";


                  Jean Monnet - Fundador da CEE                                      Durão Barroso                    
                                                                                          Presidente da Comissão Europeia 

- De imediato, o presidente da Comissão da União Europeia, Durão Barroso, veio a público, dizer que a notação é injusta;


- A reacção à colocação da dívida portuguesa no nível "lixo" colocou o sector financeiro a afundar na Bolsa de Lisboa, atingida por uma forte pressão vendedora;

- O Ministério das Finanças recoloca, imóveis e não só, em hasta pública pelo expressivo valor de UM CÊNTIMO, depois de um primeiro leilão ter ficado deserto, devido à ausência de propostas. Assim como, já se transacciona por ajuste directo;

- O poder de compra dos portugueses está a cair, dia após dia, ainda antes do aumento dos impostos divulgados e avançados pelo Governo, inscritos no Programa do XIX Governo Constitucional, já aprovado pela Assembleia da República;

- Enquanto isto, já está nomeado um membro do ex-governo de José Sócrates, Vieira da Silva, para acompanhar a execução orçamental do actual Governo, face às exigências do FMI;

- Dia após dia, Portugal transformou-se numa verdadeira "caixinha de surpresas", enquanto os portugueses continuam a banhos, gozando as suas férias. Muitos, dada a carestia da vida que se está a instalar paulatinamente, optaram, como destino, viajar até Espanha ou Brasil por considerarem que são mais económicas;

- A emigração e o desemprego disparam drasticamente, enquanto os idosos e os reformados são atirados para as calendas gregas...

É inserido neste quadro desolador, quase de pânico, que se desenvolve a vida e a actividade em Portugal, que, depois da Grécia, tende a estender os seus tentáculos até Espanha, onde já se perfilam fortes indícios.

Afinal, é assim tão "bom viver em Portugal"?

O "Velho Continente", mais concretamente a Europa comunitária, está, assim a ficar velho e caduco, com os Países, nela integrados, a não conseguirem dar resposta aos problemas e os que, dia após dia, cada vez mais, se vão acumulando, concorrendo para o agravamento da situação...

O sector empresarial português (público e privado), aliado ao desgoverno dos sucessivos governos, sempre demonstraram mais interesse e apetência em expandirem-se nos mercados externos, através de sumptuosos investimentos, sem se preocuparem em reforçar e consolidar a sua presença em Portugal (mais olhos do que barriga); nunca se preocuparam com a hipótese de uma grave crise internacional, como a que se está a verificar, pelo que investiram tudo o que tinham e o que não tinham, deixando as suas empresas desguarnecidas, desfalcadas e ao sabor da corrente na busca de um lucro mais fácil, com o Sistema Bancário a não cumprir, também, a sua função social.

O resultado já está à vista...

Também, os sucessivos governos governaram o país como se fosse uma coutada privada, ao sabor de interesses, por vezes, inconfessáveis, enquanto os partidos políticos e os seus "aprendizes" e candidatos a "profissionais" da política, sobretudo os de primeira linha, só pensaram e pensam nos seus objectivos individuais e de grupo, relegando o país, os portugueses e os seus problemas para as calendas gregas.

Será que nunca ninguém lhes ensinou que, para se governar e administrar, não basta olhar exclusivamente para a parede que se perfila diante dos nossos olhos, pelo contrário, é preciso, por imperativo, saber ver e interpretar o que está para além dessa parede?

Portugal, apesar já estar a entrar no abismo, está a caminhar, abruptamente e a olhos vistos, para a ruptura social!

A menos que surja um providencial "milagre"...


Lisboa (Portugal), 06.Julho.2011


Paulo M. A. Martins

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(*) Jornalista luso-brasileiro, radicado no Brasil,
em Fortaleza, no Estado do Ceará.

2 comentários:

  1. Estimado Paulo

    Parabenizar mais um teu magnifico apontamento, e resumindo dizer que com lixo ou sem lixo, eu, pessoalmente não dou um tostão furado por Portugal.
    As verdades são duras de escutar, e mais uma vez os portugas se acham o centro do universo quando nem as Berlengas conseguem neste momento chegar.
    seria preferivel tentarem reverter a situação sem cair no ridiculo internacional em que estão a cair, e que a CE por via de Durão Barroso esta a cair. A Comunidade não sabe criar instituições de controle, como pode vir criticar as unicas que existe, sejam elas manipuladas pelos EUA ou não.
    Saudações amigas
    Abraço
    João Massapina

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Paulo M. A. Martins